O que torna bonito os amores impossíveis, é justamente a impossibilidade que atrai. A dificuldade impulsiona, motiva, tem gosto de perigo. As pessoas gostam de se medir às dificuldades para provar sua força em vencer o desafio. Assim, quanto mais difícil, mais o amor parece ser grande, excepcional e único; e todos querem viver um grande amor.
Em um amor impossível cabem todos os sonhos, todas as perfeições, o mínimo detalhe é idealizado, e pensa-se que aquela pessoa é exatamente o que se esperou por toda vida, mesmo se tudo parece contra. É o amor que fica para sempre, mesmo se outros amores vêm e vão... e deixa aquela sensação de inacabado que persegue para sempre.
É o quebra-cabeças da vida faltando uma peça para completar o todo. E mesmo que se tenha todas as outras peças. aquela é a que falta; aquela que deixa uma pequena e estranha dor que não é definida, mas que se sente de forma tão nítida e clara.
E se o amor impossível se torna possível, isso quase sempre rouba a magia do sentimento. Inconscientemente todos sabem disso. O que leva a preferir um impossível é não ter que abrir os olhos e enxergar a realidade, porque uma vez que o amor torna-se possível, acaba a expectativa, acaba o sonho... e o ser humano é feito para ter sonhos e para esperar por eles.
Isso explica porque tantos amores nunca são revelados, nunca declarados, e os amores virtuais que vivem apenas na mente. Um amor impossível pode marcar mais que toda vida vivida ao lado de outra.
E no outono da vida, quando o passado se faz mais presente, é aquele amor que vai fazer brilhar os olhos e lembrar ao coração que ele ainda bate. O impossível é belo como o arco-íris, o horizonte, o céu, o infinito; que mantém acesa a chama no coração e faz sentir que ainda vive...