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sábado, 24 de dezembro de 2022

Trégua de natal...

 



Alguns meses antes do início da Primeira Guerra Mundial, alemães, franceses e britânicos lutavam nas frentes de batalha na Bélgica e na França. Alguns grupos estavam na Frente Ocidental, em uma área conhecida como "Terra de Ninguém". 

No mês de dezembro o tempo estava nebuloso; tinha chovido muito e viver nas trincheiras se tornou muito difícil para ambos os lados. Durante uma semana a intensidade dos combates diminuiu. Soldados começaram a melhorar as condições das trincheiras e reparar o caminho por onde deveriam chegar as equipes que traziam alimentos. 

Em alguns dias as hostilidades cessaram para que fossem recolhidos e enterrados os soldados caídos. Chegou o dia 24 de dezembro e o frio se tornou mais intenso congelando tudo. Com receio da morte, os alemães começaram a festejar a véspera do natal.

De longe os ingleses viram as luzes de velas em pequenas árvores acima das trincheiras alemãs. Logo pensaram que se tratava de uma armadilha, porém aconteceu algo maravilhoso. Em meio à crueldade da guerra, os alemães começaram a cantar canções natalinas, como "Silent Night" ou "Noite Feliz" no idioma britânico. 

Uma atmosfera fraterna se espalhou pelos campos de batalha e, embora não pudessem se ver, dentro de suas trincheiras todos cantaram naquela noite de natal. Na manhã de 25 de dezembro, os alemães começaram a sair das trincheiras sem armas e foram se aproximando das trincheiras britânicas. 

Apesar de se sentirem confusos, alguns soldados ingleses foram ao encontro dos alemães. E então aconteceu um milagre, centenas de soldados de ambos os lados esqueceram da guerra e, sem armas, foram se aproximando e trocaram abraços. A trégua permitiu que os soldados descobrissem com quem estavam lutando; apenas jovens que estavam distantes da sua família. 

O idioma não foi um obstáculo, pois muitos soldados alemães já haviam trabalhado como barbeiros, garçons e empregados em hotéis no Reino Unido antes da guerra. Não se sabe de onde, mas uma bola surgiu e teve início uma partida de futebol. 

Logo começaram a troca de presentes. Os ingleses ofereceram chocolates, carne enlatada, bolos e uísque. Os alemães trouxeram salsichas, biscoitos, conhaque. E assim, aqueles que antes se combatiam como inimigos, fizeram juntos a celebração do natal...  

Essa é uma história verídica e realmente aconteceu, estando documentada. Ai você me pergunta: E a guerra? Continuou?... Talvez sim, talvez não, nas isso não importa. No entanto eu tenho certeza de que aqueles guerreiros compreenderam o verdadeiro significado do natal: amar ao próximo acima de todas as coisas. Nada tem mais valor, nada é tão essencial do que a paz e a harmonia entre as pessoas. E a época do natal serve para nos lembrar disso... Que tenhamos um Feliz Natal!... 


terça-feira, 13 de setembro de 2022

Vida interessante





Muito prazer; sou a "Miss Imperfeita". A imperfeita que faz tudo o que precisa fazer. Como boa profissional, mãe, filha e mulher, trabalho todos os dias, ganho minha grana e vou ao supermercado.

Decido o cardápio das refeições, cuido dos filhos, sempre procuro minhas amigas, viajo, vou ao cinema, pago minhas contas, respondo a toneladas de e-mails, faço revisões no dentista, mamografia...

Caminho meia hora diariamente, compro flores para casa, providencio os consertos domésticos e ainda faço as unhas e depilação! E, entre uma coisa e outra, leio livros. Portanto, sou ocupada, mas não uma workholic.

Por mais disciplinada e responsável que eu seja, aprendi duas coisinhas que operam milagres. Primeiro: a dizer NÃO. Segundo: a não sentir um pingo de culpa por dizer NÃO. 

Existe a Coca Zero, o Fome Zero, o Recruta Zero, pois inclua na sua lista a Culpa Zero. Quando você nasceu, nenhum profeta adentrou a sala da maternidade e lhe apontou o dedo dizendo que a partir daquele momento você seria modelo para os outros. 

Seu pai e sua mãe, acredite, não tiveram essa expectativa: tudo o que desejaram é que você não chorasse muito durante as madrugadas e mamasse direitinho. Você não é santa. Você é, humildemente, uma mulher. 

Se não aprender a delegar, a priorizar e a se divertir, bye-bye vida interessante. Porque vida interessante não é ter a agenda lotada. Não é ser sempre politicamente correta. Não é topar qualquer projeto por dinheiro. Não é atender a todos e criar para si a falsa impressão de ser indispensável. 

Interessante é ter tempo. Tempo para fazer nada. Tempo para fazer tudo. Tempo para dançar sozinha na sala. Tempo para bisbilhotar uma loja de discos. Tempo para sumir dois dias com seu amor. Três dias... Cinco dias!... 

Tempo para uma massagem. Tempo para ver a novela. Tempo para receber aquela sua amiga que é consultora de produtos de beleza. Tempo para fazer um trabalho voluntário. Tempo para procurar um abajur novo para seu quarto. Tempo para conhecer outras pessoas. Tempo para escrever um livro, que você nem sabe se um dia será editado. 

Tempo, principalmente, para descobrir que você pode ser perfeitamente organizada e profissional sem deixar de existir. Porque nossa existência não é contabilizada por um relógio de ponto ou pela quantidade de memorandos virtuais que atolam nossa caixa postal. 

Existir, a que será que se destina? Destina-se a ter o tempo a favor e não contra. A mulher moderna anda muito antiga. Acredita que, se não for super, se não for mega, se não for uma executiva ISO 9000, não será bem avaliada. 

Está tentando provar não-sei-o-quê para não-sei-quem. Precisa respeitar o mosaico de si mesma, privilegiar cada pedacinho de si. Se o trabalho é um pedação de sua vida, ótimo! Nada é mais elegante, charmoso e inteligente do que ser independente. 

Mulher que se sustenta fica muito mais sexy e muito mais livre para ir e vir. Desde que lembre de separar alguns bons momentos da semana para usufruir essa independência, senão é escravidão, a mesma que nos mantinha trancafiadas em casa, espiando a vida pela janela.

Desacelerar tem um custo. Talvez seja preciso esquecer a bolsa Prada, o hotel decorado pelo Philippe Starck e o batom da M.A.C. Mas, se você precisa vender a alma ao diabo para ter tudo isso, francamente, está precisando rever seus valores. 

E descobrir que uma bolsa de palha, uma pousadinha rústica à beira-mar e o rosto lavado (ok, esqueça o rosto lavado) podem ser prazeres cinco estrelas e nos dar uma nova perspectiva sobre o que é, afinal, uma vida interessante...


Esse texto sensacional foi escrito por
Martha Medeiros - Jornalista e escritora 


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Quem sou

Nascida em Belo Horizonte, apaixonada pela vida urbana, sou fascinada pelo meu tempo e pelo passado histórico, dois contrastes que exploro para entender o futuro. Tranquila com a vida e insatisfeita com as convenções, procuro conhecer gente e culturas, para trazer de uma viagem, além de fotos e recordações, o que aprendo durante a caminhada. E o que mais engradece um caminhante é saber que ao compartilhar seu conhecimento, possa tornar o mundo melhor.

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