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quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Escrita terapêutica





Todos nós criamos expectativas sobre a vida e podemos até tolerar algumas frustrações. Porém há um limite, que é muito pessoal; uns sabem lidar com as dificuldades sem traumas, outros guardam e ficam remoendo suas dores. 

Se não conseguimos extravasar os sentimentos que nos fazem sofrer, a tristeza e a angústia se tornam evidentes e podem até provocar doenças. As dores emocionais tendem a interferir no desenvolvimento das nossas atividades sociais e profissionais. 

Quando elas vão se acumulando, o corpo reage dando sinais de que já extrapolamos o limite tolerável e responde tentando eliminar a dor. Ninguém ignora que o nosso corpo é um ser inteligente que tenta proteger nossa existência. Para isso os órgãos do corpo mantém uma ampla rede de comunicação entre si.

Tudo que ingerimos, pensamos e sentimos podem servir como alimento ou veneno para o corpo. Fácil é adotar uma dieta saudável; difícil é controlar os nossos pensamentos e sentimentos, mas não impossível. 

É necessário que façamos algo a respeito para tentar identificar o que nos incomoda. Falar a respeito disso é um bom começo. Muitas vezes o que precisamos é apenas exteriorizar o que acontece em nosso interior, mas nem sempre isso é possível.

Por mais que tenhamos um amigo confidente, há uma coisa ou outra que não contamos por vergonha, receio de não sermos compreendidos ou pior ainda, de sermos julgados. 

Essa é a razão que leva muitas pessoas a fazer terapia, pois precisam conversar sobre suas dúvidas e incômodos com alguém que não seja tão íntimo e que esteja disponível para ouvir e ajudar no que for possível.

O problema é que nem todos podem pagar uma consulta com um terapeuta. Além do mais, nenhum terapeuta faz milagres e nem pode nos dizer o que fazer. Ele pode nos ajudar a identificar a causa dos nossos problemas, mas o resto é por nossa conta. 

As respostas que buscamos sempre estão dentro de nós mesmos. Inclusive, muitos psicoterapeutas sugerem que os seus pacientes escrevam um diário para ajudar a se libertarem de tudo que carregam dentro de si.

Muita gente ignora, mas escrever um diário pode funcionar como uma terapia. Ao escrevermos sobre as nossas angústias, medos, fracassos, frustrações e tristezas, podemos nos sentir aliviados, como se tivéssemos tomado um banho de mar que leva tudo embora. De repente, todas aquelas coisas que estavam nos afligindo desaparecem ou, pelo menos, são atenuadas.

Fazendo da escrita uma rotina as coisas tendem a melhorar, porque nos permite identificar a causa dos nossos problemas. E funciona como um processo terapêutico, porque além de servir como uma forma de desabafo, nos ajuda a organizar as ideias, sensações, sentimentos, assim como nos possibilita olhar melhor para uma situação e ter uma visão mais ampla. Tempos depois quando relermos o nosso diário, temos a oportunidade de encontrarmos a nós mesmos, o que pode trazer autoconhecimento.

Quando estamos escrevendo, acontece uma introspecção e somos mais capazes de expressar detalhes que costumam passar despercebidos, pois nosso pensamento se dá de forma automática. Muitas informações e dados importantes para a análise e a compreensão dos fatos podem se perder devido à correria do dia-a-dia. 

Ao registrar num diário o que pensamos e sentimos a cada dia, também podemos relembrar situações antigas e reconstruí-las. Isso nos permite reinventar, criar novos desfechos e refazer as situações passadas de maneira distinta.

Não importa que sejam pequenos acontecimentos do dia-a-dia; importante é registrar nossas visões, reflexões e sentimentos perante aos fatos, sempre usando os termos na primeira pessoa: eu sinto, eu penso etc. 

Alguns diários íntimos tornaram-se documentos históricos, por exemplo, "O Diário de Anne Frank". Publicado originalmente em 1947, foi lido por milhares de pessoas em todo o mundo, que se emocionaram com sua visão e sentimentos de adolescente diante da guerra. No diário Anne registrava tudo que acontecia, suas alegrias, tristezas, raivas e a esperança de liberdade.

Não importa a idade, seja uma criança, jovem, adulto ou idoso, o diário terapêutico geralmente funciona para a maioria das pessoas. Pode-se usar um diário comprado em livrarias, uma agenda, um caderno, registrar numa pasta não compartilhada no computador, num CD ou Ipod e outros meios.

 Há sites que oferecem uma página supostamente confidencial e algumas pessoas costumam criar blogs, porém não é muito conveniente. Além de correr o risco de perder as anotações por problemas técnicos, quando se quer registrar assuntos muito íntimos, a auto-censura pode impedir a espontaneidade.

Para que possa surtir o efeito desejado é preciso que digamos a verdade, escrevendo tudo o que pensamos e sentimos. A escrita terapêutica é uma invenção criativa que podemos fazer das pessoas e dos mundos que nos cercam. E, por estarmos falando com nós mesmos, não precisamos mentir e nem omitir. No máximo só Deus poderá nos ouvir, já que Ele habita no coração de todos nós...




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Quem sou

Nascida em Belo Horizonte, apaixonada pela vida urbana, sou fascinada pelo meu tempo e pelo passado histórico, dois contrastes que exploro para entender o futuro. Tranquila com a vida e insatisfeita com as convenções, procuro conhecer gente e culturas, para trazer de uma viagem, além de fotos e recordações, o que aprendo durante a caminhada. E o que mais engradece um caminhante é saber que ao compartilhar seu conhecimento, possa tornar o mundo melhor.

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