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sábado, 23 de dezembro de 2023

De volta ao passado...

 

















Se fosse possível viajar no tempo, eu adoraria voltar para épocas anteriores da minha vida. Ingenuamente, imagino que, em vários momentos do passado, eu teria me beneficiado de algo que só agora sei. 

Quem melhor do que eu com mais de 50 anos para aconselhar uma versão mais jovem de mim, a de 10, 20, 30 anos atrás? Hoje, enfim, meço as consequências de algumas escolhas antigas. 

Sei ou imagino, que teria sido melhor me separar logo daquela pessoa e nunca me afastar de outra, que era insubstituível e que eu perdi. Sei ou imagino saber, que poderia ter evitado riscos inúteis e me exposto a outros dos quais fugi. 

Sei ou imagino, que deveria ter insistido quando desisti e desistido quando insisti. E, para quem pode viajar no tempo, nunca é tarde para "salvar a Inês" - personagem de Dante.

Voltar ao passado, para nos dar conselhos em momentos cruciais, parece ser uma maneira racional de endireitar nossa vida, a única que leva em conta as consequências confirmadas de nossos atos.

Diz um ditado italiano: “del senno di poi son piene le fosse” ou "da sabedoria do depois as valas estão cheias"... 

Sugere que esse saber das consequências, além de chegar atrasado, talvez seja inútil. Concordo; as escolhas da gente são quase sempre as melhores, senão as únicas possíveis na hora em que tivemos que decidir. 

Os remorsos são quase sempre fajutos: quando reavaliamos e censuramos nossas decisões passadas à luz de suas consequências presentes, estamos esquecendo as razões que nos fizeram decidir naquele momento e naquelas circunstâncias. Mesmo assim, a vontade é grande de voltar atrás e alterar o passado.

Quando era mais jovem, depois de qualquer crise, embate, briga, acidente, revivia mil vezes o que acabava de acontecer, corrigindo ou aperfeiçoando imaginariamente minha reação: " o que eu deveria ter feito??? 

Hoje, depois de muitos anos, quando volto a lugares do passado, sempre são encontros assombrados, como se minha história ainda estivesse por lá, suspensa, na espera de uma solução alternativa à que se realizou na época. 

Questão antiga: fora nossa identidade jurídica, que permanece igual, será que ao longo da vida somos a mesma pessoa?

No filme “Camille Outra Vez”, Eric e Camille ficaram juntos por longos anos, porém Eric deixou Camille para ficar com uma mulher mais jovem.

No Reveillon Camille desmaia e acorda aos 16 anos. Ela reencontra seus pais, as amigas da escola e, sobretudo, Eric, na época que eles se conheceram.

Claro, Camille quer mudar o curso de sua vida. Não quer namorar Eric e assim evitar a dor futura da separação. 

Mas o fato é que muitos amores são como a vida: eles valem a dor que seu desfecho triste nos dará eventualmente em algum dia...


quarta-feira, 28 de junho de 2023

Gaslighting, um abuso psicológico destruidor

 


Quando falamos em abuso, geralmente pensamos em violência física e verbal. Mas há um tipo de abuso mais sutil que passa despercebido pela maioria daqueles que o sofrem. O propósito do agressor é fazer com que a vítima duvide da própria memória, percepção e sanidade. 

Extremamente prejudicial, o Gaslighting é uma silenciosa forma de agressão, que pode ser praticada por qualquer pessoa de convívio próximo e pelos mais variados motivos. O termo surgiu de uma peça teatral, Gas Light de 1938, que anos depois virou filme. 

O filme conta a história de um homem que manipulava sua mulher, tentando convencê-la e a outras pessoas, de que ela estava ficando louca. Ele fazia pequenas alterações no ambiente da casa e, quando ela apontava tais mudanças, ele dizia que sempre estiveram daquele jeito, que sua lembrança estava incorreta. 

O título do filme faz referência ao enfraquecimento da luz da casa, que era alimentada por gás. Quando o marido ligava as luzes do sótão para procurar algo e a mulher percebia que a claridade diminuía, ele dizia que era apenas sua imaginação. O propósito do homem era enlouquecer a mulher para ficar com sua fortuna. 

A partir de 1960, o termo passou a ser usado para se referir à manipulação dos sentidos de alguma pessoa, com um único objetivo: enlouquecer a pessoa ou fazê-la pensar que está louca e assim se favorecer de alguma forma. Entre os vários motivos há alguns de destaque: 


1. Esconder uma traição: Para negar uma traição, o abusador pode tentar convencer sua mulher de que ela imaginou uma cena ou uma conversa, que ela ouviu errado ou que ela leu errado ou interpretou mal uma mensagem.

2. Encobrir outros abusos: O abusador procura principalmente minimizar suas ações e culpa a vítima pelo abuso sofrido. Inclusive o abusador tenta convencer a vítima e a outras pessoas de que ele é a vítima. 

3. Negar algum delito ou crime: Quando é pego cometendo algum delito ou crime, o abusador tenta convencer a quem o descobriu pensar que viu errado e que está sendo injustiçado ao ser acusado de algum fato.

4. Menosprezo pela capacidade de alguém: Cometido em vários ambientes, inclusive no ambiente de trabalho, o abuso pode ser praticado por um chefe que se nega a dar aumento a um funcionário capacitado, fazendo-o duvidar de sua competência, mesmo quando há indicações contrárias. Mas também pode ser feito através de um comentário: "~Isso é muito difícil; você não vai aprender"...

5. Gerar submissão:  Para dominar, o manipulador faz com que sua vítima acredite, entre outras coisas, que ela perdeu o discernimento e não tem condições de tomar decisões sozinha.

6. Evitar o abandono: Geralmente quando um abusador se sente ameaçado de abandono, ele manipula o ambiente, as conversas, as mensagens e tudo mais, não apenas para fazer com que sua vítima não confie mais em si mesma, mas para fazer com que outras pessoas acreditem que sua vítima está desorientada e que precisa de alguém que lhe dedique atenção e tome conta dela. 


E como saber se estamos 

sendo vítimas de Gaslighting? 


Há várias outras razões que levam alguém a manipular suas vítimas. Para identificar um abusador basta prestar atenção em suas atitudes. 

Geralmente o agressor evita confrontos diretos. Ele não admite suas falhas, defeitos e está sempre disposto a proteger sua imagem. Aliás, fica indignado se for acusado de algo ou se alguém questionar a sua integridade.


Ao ser confrontado, o abusador sempre nega suas falhas. Se não nega, tenta distorcer a verdade dos fatos e atribui a outras pessoas a culpa por qualquer acontecimento. Dessa forma, o abusador tenta confundir as outras pessoas; Em último caso, desvaloriza a percepção dos outros sobre o assunto. 

Há vários sinais que podem confirmar essa condição. Nunca é um fato isolado, mas uma série de fatos. Se você ouve com frequência frases como “Isso é coisa da sua cabeça”, “Você está imaginando coisas”, “Você está enlouquecendo”, “Você anda sensível demais”; fique atenta.   

Se você não se sente feliz, apesar de tudo estar aparentemente bem, se você vem se questionando quanto às suas próprias reações, se acha que está exagerando, se acha que está sendo emotiva demais; fique atenta.

Se tem sentido medo de errar ao tomar decisões sozinha, se você está duvidando da sua boa capacidade naquilo que faz, apesar de tudo indicar que sim; fique atenta.  Se você se sente constantemente confusa sobre si mesma e desorientada sobre os acontecimentos, se você se sente culpada pelos problemas da relação; fique atenta.

Se você se desculpa o tempo todo para seu companheiro ou fica justificando as ações dele perante sua família e amigos, com certeza você está sendo vítima de Gaslighting. Se você se identifica com qualquer um dos sinais acima, reaja, procure ajuda urgente. 

Consulte com um psicoterapeuta que possa lhe ajudar a analisar a sua situação. Não deixe que sua autoestima, sua autoconfiança e seu amor-próprio sejam destruídos. Você merece ser feliz!


Se você sente que é uma vítima de abuso:

Disque 100: denúncias de abusos maus tratos contra crianças, adolescentes e idosos

Disque 190: denúncias de agressões e maus tratos contra adultos



sábado, 13 de maio de 2023

Mães




Mães, geralmente é a vocês que cabe a educação dos filhos, sobretudo no capítulo modos à mesa, arrumação do quarto etc. Não sejam preguiçosas! É mais fácil fazer que ensinar. Mas tenham coragem, ensinem. 

E comecem cedo para que os bons hábitos se tornem uma segunda natureza e não um procedimento para se ter só na frente das visitas. Seja rigorosa! Eles vão te odiar às vezes. Você vai querer esganá-los frequentemente. Faz parte entre as pessoas que se amam. 

Mas um belo dia alguém vai dizer o quanto seu filho é educado, prestativo, gentil, querido... e você vai desmaiar de surpresa e felicidade. Eu nunca me esqueço daquela história da mãe que se dirigiu a uma especialista em boas maneiras para saber com que idade ela deveria colocar seu filho no curso. Ao saber que o filho estava com três meses de idade ela respondeu: "Mas talvez já seja muito tarde!".

Não morra de vergonha se seu filho der um vexame na frente dos seus amigos. Não valorize os erros nem dê bronca em público. Nunca trate a criança com se ela fosse uma débil mental, elas entendem tudo! 

Use sempre um bom vocabulário, isso aumenta a capacidade lingüística das crianças; e não fique para morrer de culpa se algum dia precisar frustrar seu filho, tipo promessa que não pode ser cumprida, etc.

Apesar do que dizem os especialistas, uma frustraçãozinha de vez em quando prepara a criança para aprender a suportá-las quando no decorrer da vida elas infelizmente acontecerem.

O palavrão, é dito por todos. Até em televisão, escrito nos jornais, etc. Pretender que uma criança não repita é puro delírio. Vamos moderar. 

regra de ouro seria: palavrão na linguagem corriqueira uma coisa, mas não pode ser usado jamais na hora da raiva, da briga. Isso vale também para os adultos.

Ensinem, obriguem seus filhos a cuidarem da bagunça que fazem. O copo de Coca-Cola? De volta pra cozinha. 

A revistinha que acabou de ler? Para o quarto. Os milhares de papeizinhos de Bis? Amassar e jogar no cinzeiro. A lista não tem fim porque a imaginação de uma criança para instalar o caos onde quer que esteja é também infinita.

Alguns mandamentos:
Não sair pra se servir correndo na frente dos outros. O ideal, aliás, seria que as crianças até certa idade fizessem as refeições antes dos adultos, com as mães ali ao lado, patrulhando as boas maneiras. 

Não deixar cair um grão sequer na mesa. Não encher demais o prato. Há fome no mundo, etc, etc... Se encher que coma tudo. A partir dos cinco anos, não cortar a carne toda de uma vez. Cinco? Talvez eu tenho exagerado. Sete. 

Não misturar carne com peixe, macarrão com farofa etc, isso é cultura. Pedir licença pra se levantar quando a refeição terminar, pode alegar que precisa estudar, para evitar aquela tortura de ficar na mesa até a hora do café. Um suplício.

Não bater a porta do quarto com estrondo nem quando brigar com o irmão. Só gritar se for por mordida de cobra. Ou ficar mudo ou estático dentro do elevador. Não chamar a amiga da mãe de tia. Alias não chamar ninguém de tia a não ser as tias de verdade. E só pra deixar bem claro: tia Rosina, tia Helena, nunca tia só.

Eu adoro bebes! Quando começa a idade da correria, eu confesso que já adoro um pouco menos. Eu tenho que dizer isso bem baixinho pra não ofender as mães. 

Vamos então falar dessa fase sublime: elas gostam de passar no espaço de quinze centímetros que existe entre o sofá e a mesa, brincam de pique numa sala de dois por três. 

Colocam a cadeira na frente da televisão, se penduram nos lustres, pintam as paredes da sala, o teto e etc, etc e tudo aos gritos.

Eu penso que esta talvez seja a fase de maior energia do ser humano.
Ah, é a idade das guerras de travesseiros, das almofadas que voam pela janela. Jovens pais adoram essas traquinagens.

Tudo bem, mas não ache tão estranho se alguns de seus amigos não curtirem tanto quanto você essa fase tão adorável dos seus filhotes. Crianças são difíceis mesmo, é preciso muita paciência pra aguentar o que elas frequentemente aprontam.

Mas as crianças crescem, e um dia querem trazer a namorada pra dormir em casa. Dinheiro para o Motel só se você der. Então o que fazer? Claro, a gente compreende a situação mas francamente, ter que cruzar no corredor com a gatona despenteada de camiseta e escova de dente na mão talvez perguntando: "Tia, dá pra me emprestar uma escova de cabelo?" OK, dá. 

Se você tem três filhos? Vão ser três gatonas? Acho que eu liberaria a casa nos fins de semana e iria dormir no sofá da casa da minha mãe, de um amigo, no banco da praia, deixando a garotada à vontade. Eles e eu numa boa. Mas só até domingo às dezenove horas, nem um minuto a mais.

Mesmo os filhos mais modernos costumam ser caretesímos em relação as suas próprias mães. Portanto, vá anotando, na frente dos filhos: 

Mãe não namora, não toma mais de um drink, não fala que acha o Jeff Bridge um tesão. Perdão! Mãe não pronuncia essa palavra. Nem sabe o que quer dizer.

Mãe não usa minisaia, não pode adorar Madona, só pode gostar de Roberto Carlos, Julio Iglesias. Eles te amam, mas essas preferências sempre incomodam. 

Nem amigos comuns se deve ter por precaução. Portanto quando o destino colocar vocês na mesma festa, pareça o que eles querem que você seja, anule-se. Tenha pouca, pouquíssima personalidade. 

Faça o tipo distinto e alegre, se possível, use uma peruca grisalha. Seja discreta e assexuada, tenha poucas opiniões, se enturme com os mais velhos e trate os mais jovens como se fosse assim uma tia simpaticona, nada mais.

Ria das historias deles e não conte nenhuma sua.
Mãe não tem passado. Só fale de receitas, crianças, se ofereça pra levar um vestido na costureira pra consertar, tenha bons endereços pra fornecer. 

Dicas de cozinha, conte como era o mundo do seu tempo, seus filhos vão adorar e depois dessa festa, vá correndo tomar um whiscky duplo no bar do Bonju pra não ter um enfarte.

Em compensação, na frente dos netos, faça tudo que não deve e muito mais! Netos costumam adorar avós, digamos, fora dos padrões. É que eles sabem que vão poder contar com elas como fortes aliadas nas crises de caretice dos pais. Cruel? Não... apenas verdade...





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Quem sou

Nascida em Belo Horizonte, apaixonada pela vida urbana, sou fascinada pelo meu tempo e pelo passado histórico, dois contrastes que exploro para entender o futuro. Tranquila com a vida e insatisfeita com as convenções, procuro conhecer gente e culturas, para trazer de uma viagem, além de fotos e recordações, o que aprendo durante a caminhada. E o que mais engradece um caminhante é saber que ao compartilhar seu conhecimento, possa tornar o mundo melhor.

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