Releva cada ofensa recebida com o melhor de si mesmo. Se não pode reagir como a rosa, que perfuma ao ser esmagada, faz como a árvore, que suporta em silêncio a agressão da poda e, mais adiante responde ao golpe com flores e frutos. Liberte sua alma! Não se prenda à beleza das formas passageiras. Uma flor passa breve. Não amontoe preciosidades que pesem na balança do mundo. As correntes de ouro prendem tanto quanto as algemas de bronze.
Não alimente a ambição da posse. A casa da moeda vive repleta de ouro que serviu a milhões e cujos donos desapareceram. Não se escravize às opiniões da imprudência ou da ignorância. O cavalo de Caligula podia comer num balde enfeitado de pérolas, mas mesmo assim não deixava de ser cavalo. Não se aflija pelas aquisições de vantagens imediatas na experiência terrestre.
Os museus permanecem abarrotados de mantos de reis e rainhas e de outros 'cadáveres de vantagens mortas'. Não perca sua independência construtiva a troco de considerações humanas. A armadilha que pune o animal criminoso é igual à que surpreende o canário negligente. Não acredite no elogio que empresta a você as qualidades imaginárias. Vespas crueis por vezes se escondem no cálice de um lírio. A renúncia pode ser um privilégio e as provações podem dilatar em poderes...